Sou assim Duas de mim
Às vezes três Quatro... cinco... seis
Sou uma por mês
Me diversifico Tem horas que grito
Vivo num conflito
Mostro ao mundo minha dor Outras horas,
só sei falar de amor
A mais romântica
Melodramática Estática Chorosa e nervosa Carente e decadente
Vingativa e inconseqüente
Aí quando menos me percebo
Me transformo em mulher cheia de medo Cheia de reservas
Coberta de sutilezas Séria e sem defesa
No minuto seguinte
No papel de mulher fatal
Viro logo a tal Aí sou dona do mundo Segura e destemida
Altiva e atrevida Rasgo meus segredos ao meio
E exponho num roteiro
De poesia ou texto Agrido, inflamo
Conto o que ninguém tem coragem de contar
Explico detalhes que é bom nem lembrar
Sou assim Várias de mim
Sorriso por fora Angústia toda hora Por dentro um tormento
No rosto nenhum sofrimento
No corpo uma explosão de prazer
Nos olhos, meu desejo deixo perceber
Melhor nem me conhecer
Fique com minhas letras
Com as minhas palavras
Na vida real sou bem mais complicada Sou mil
E quem tentou, descobriu
Que viver ao meu lado
É viver dentro de um campo minado Prestes a explodir
Mas quem esteve nele
Nunca quis fugir
SILVANA DULBOC